Natureza | 16/05/2014
Você sabe como nasceu a iniciativa Rios e Ruas?
Quem conta essa história é José Bueno, um dos fundadores da iniciativa.
A iniciativa Rios e Ruas nasceu quase sem querer, durante um cafezinho. Um amigo me apresentou ao Luiz de Campos e disse que tínhamos muita coisa para conversar. Minha motivação era a paixão pela educação informal, aquela que se aprende de modo espontâneo e pela convivência com pessoas que amam o que fazem. Naquela tarde ouvi do Luiz que São Paulo era uma cidade repleta de rios com milhares de quilômetros de cursos d'água. Curioso e intrigado, perguntei se essa informação poderia ser experimentada, se poderíamos visitar algum desses rios, pois segundo ele, a 200 metros de qualquer lugar da cidade seria possível achar um riacho escondido. Ainda desconfiado, marcamos um encontro no Butantã, para conferir o que ele dissera fazendo um passeio que partiu da minha casa. Saímos de bicicleta pelas ruas da Vila Indiana e em alguns minutos identificamos pelo relevo, pela vegetação mais exuberante e por indícios de água correndo no meio fio que estávamos perto. Descemos da bicicleta próximos a um terreno baldio colado ao muro da Universidade de São Paulo.
Foi um momento mágico de encantamento encontrar uma pequena nascente. Um sentimento misto de alegria pelo encontro e tristeza ao perceber como esse nascedouro logo era capturado por uma galeria de águas fluviais num bueiro junto à calçada. Decidimos seguir o curso dessas águas pelas ruas do Butantã, percorrendo de bicicleta o seu caminho por ruas e vielas em meio a casas, duas escolas, uma delegacia onde contamos com o apoio do delegado para pular o muro e seguir nossa exploração pelo terreno do Instituto Butantã onde ele voltava a estar aberto antes de chegar a sua foz no rio Pirajussara. Foi uma experiência extraordinária que nos deu a certeza que merecia ser oferecida para mais pessoas.
De lá para cá, tudo o que temos feito tem sido reproduzir essa emoção de transformar uma informação valiosa em uma experiência impactante e inesquecível. Vivemos sobre águas e nossos rios, embora canalizados e sofridos, estão vivos merecem ser reencontrados por todos nós.