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Natureza | 02/06/2014

Luiz de Campos fala sobre os Rios Invisíveis da cidade

Luiz de Campos Jr., educador e um dos fundadores da iniciativa Rios e Ruas, fala sobre a relação dos rios invisíveis que os problemas que a cidade pode enfrentar, como enchentes e alteração do clima na região. Ele também fala sobre como esse problema pode ser solucionado.

Confira a segunda parte da entrevista para o site Mostra Rios e Ruas.

Qual a relação entre o problema dos rios (soterrados e dos poluídos) e a falta de água que podemos enfrentar em breve?

São Paulo, assim como outras grandes cidades do mundo, optou por um modelo de urbanização que passa pela negação - ou pelo "domínio" - da dinâmica dos processos naturais do ambiente onde se implantou.

No caso de São Paulo, essa tendência se acentua a partir da primeira metade do século passado, quando temos as grandes intervenções urbanísticas acontecendo na cidade, como, por exemplo, os represamentos de rios para formarem as represas de Guarapiranga e Billings, a retificação e canalização dos rios Tamanduateí, Pinheiros e Tietê, e as obras de inversão do curso do Rio Pinheiros, com o objetivo de enviar a água serra abaixo para gerar energia em Cubatão.

A partir da década de 1940, se intensifica o modelo de circulação que dá preferência aos automóveis, fazendo com que os fundos de vale passem a ser ocupados por grandes avenidas, depois da canalização - e frequentemente o soterramento - dos cursos d'água. Podemos citar alguns exemplos, como a avenida Nove de Julho, sobre os córregos Saracura (para o centro) e Iguatemi (para o bairro), a avenida Pacaembu sobre o córrego de mesmo nome, a avenida 23 de Maio sobre o Itororó (para o centro) e o Caaguaçu (para o bairro), as avenidas Marginais dos canais do Pinheiros, Tietê e Tamanduateí (avenida do Estado), a avenida Bandeirantes sobre o Traição, a Juscelino Kubitschek sobre o Sapateiro, a Cupecê sobre o Cordeiro, e assim com dezenas de outras.

Enterrar uma tamanha rede de cursos d'água, fazê-la correr em tubos retilíneos e de diâmetro fixo, impermeabilizar uma área enorme do solo da região, ocupar as várzeas onde estes cursos d'água se espraiavam em época de cheias acabou por produzir uma série de problemas. Dentre eles, podemos citar a enorme degradação da qualidade das águas desses riachos, a dificuldade de drenagem das águas pluviais, gerando inundações recorrentes, a diminuição da recarga dos aquíferose e as mudanças no microclima da região intensamente urbanizada.

Como conciliar o crescimento das cidades e preservação das fontes de água?

Infelizmente não há rios limpos na região central da cidade. O próprio fato de estarem soterrados, longe da percepção e consciência dos habitantes da cidade faz com que sua condição de sujeira, descaso e permanente degradação se perpetuem. Mas a consciência da existência desses cursos d'água é condição essencial para a sua conservação: ninguém conserva o que não sabe que existe!

Embora não sejamos técnicos, sabemos que existem diversas soluções sendo experimentadas com sucesso em vários lugares. As tecnologias da chamada "infraestrutura verde" - que o Prof. Alexandre Delijaicov prefere chamar de "azul e verde" - estão sendo desenvolvidas e aplicadas em vários locais no mundo.

Temos exemplos em nossa própria cidade, como a implantação de parques lineares. Até mesmo a “renaturalização” pode ser implantada em alguns casos, o córrego Pirarungauá, que esteve mais 60 anos tamponado numa galeria e que hoje é uma das atrações principais do Jardim Botânico é prova disso. O trabalho de "renaturalização" desse trecho do córrego levou pouco mais de um ano, a um custo muito baixo se considerado o ganho ambiental e social - o parque multiplicou várias vezes o número de visitantes depois do ressurgimento do córrego.

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